
Muito obrigado pela carta meu amigo Epicuro. A mesma me fez divagar em diferentes pensamentos. Demonstrarei agora, algumas de minhas conclusões.
Na questão referida ao limite imposto pelo temor a morte, concordo com os pontos apresentados. Muitos delimitam sua experiência em vida por conta deste medo trivial. Além do medo a possíveis punições vindos de divindades, que mal se pode confirmar a existência. Toda essa pressão em um único individuo faz com que o mesmo se “encaixote”, passando a acreditar que só a um caminho para uma possível salvação.
Dependendo da crença, o sujeito é impossibilitado de ceder aos prazeres do álcool juntamente a alguns prazeres carnais. Em alguns casos extremos, o mesmo recebe a pior proibição possível: é proibido de filosofar. Vivendo em uma única linha em toda a sua vida, na qual todas as frases ditas em sua bolha são verdades absolutas e todos os possíveis questionamentos se tornam heresias disfarçadas em inverdades. O mesmo se torna um ser vazio e opaco, que passa avida inteira tentando cumprir dogmas hereditários, esquecendo de viver em sua essência.
No entanto, muitos indivíduos, mesmo livre da amarra dos deuses, vivem a vida presos em futilidades. Muito por conta de um sistema social perigosamente bem estruturado, no qual cada indivíduo é uma mera mosca fisgado por uma grande teia. O que torna tudo muito mais aterrorizante, é a que a mosca ao menos sabe que seu fim aproxima. Já o homem, padece lentamente e nem percebe a aranha se aproximando. Essas futilidades são encontradas no dia-a-dia, seja no desejo de adquirir roupa marca, na vontade ver o time de futebol se consagrar campeão. Entre tantas outras ameaças do sistema moderno. Todos esses pontos citados, impedem o indivíduo de atingir uma real felicidade, presente apenas nos mínimos detalhes e no filosofar.
Com isso, my bestofriendo, eu finalizo minha carta. Com o entendimento de que até o mais sábio dos homens cede a armadilhas diariamente. Por mais forte que seja sua força de vontade, é impossível se desvencilhar de todas as amarras da sociedade, pois se isso acontecesse, o mesmo não conseguiria interagir dentro de um âmbito social. Espero que o conteúdo aqui presente o ajude a refletir e espero muito ansiosamente por uma nova carta, para reiniciarmos essa discussão e iniciarmos muitas outras.
P.s: Epicuro visualizou a minha carta e nunca mais me respondeu.