Produções filosóficas dos alunos do IFG – Anápolis
Autor: www.acasadevidro.com
Ponto de cultura em Goiânia. Plugando consciências no amplificador. Encabeçado por Eduardo Carli de Moraes, professor de Filosofia no (IFG). Jornalista e Documentarista independente.
Vida e seu antônimo substantivos que desde o princípio causa dualidade nos discursos entre os filósofos que se dedicam a compreendê-los com variadas finalidades. Compreendendo a vida como o conjunto de hábitos e costumes, memórias, sensações e sentimentos, podemos então definir a morte como a ausência total destes elementos formadores.
Com a marcação temporal, de um ano do rompimento dos meus conjuntos formadores de vida em aspectos gerais não causaria vultosas mudanças da atual forma de viver. Tendo em mente que tudo possui um começo, processo e fim, inclusive a existência humana, podemos nos filiar a ideia de que a marcação dannossa data final em pouco nos causa impacto, porque logicamente teremos um fim, logo uma data mas esta desconhecida.
Mediante o exposto o viver deve estar ligado sempre ao ato de filosofar sobre as dinâmicas situações que nos são apresentadas a todo instante, assim como afirma Epicuro. Podendo assim compreendê-las, dissipando muitas vezes os sentimentos nefastos, sendo esses elementos que nos resguardam na inércia no processo de viver. Entretanto permitindo que as sensações que nos são acometidas tragam com sigo o significado de viver e nos levar a formar de forma individualmente ou coletivamente ideal.
Ciente pois então de que 365 dias me separam da inexistência, buscaria compreender melhor a situação com base em outras opiniões e análises para então ter uma ação mais concreta no ato de existir. Mas caso tal ação se demonstre inútil, logicamente o abandonaria. Continuando com a costumeira cotidianidade me desligaria ao fato anteriormente exposto, não o apresentando aos demais e simplesmente vivendo o que me for possível. Além de me dedicar à paixão que nutro por conhecer e descobrir. Faria assim como Dom Quixote de La Mancha que de tanto ler e imaginar se tornou incapaz de distinguir a tenuidade entre o imaginário e o real e viver o irreal. Mas não como uma válvula de escape e sim a exímia formação e aglomeração dos elementos formadores da vida para que ao final não haja angústias e arrependimentos e sim memórias.
por Caio Alexandre Negrão, estudante da Licenciatura em Ciências Sociais do IFG câmpus Anápolis
Que a filosofia grega é fundamental para compreender o pensamento ocidental é incontestável; e entre os filósofos gregos que contribuíram para a construção de uma “razão ocidental” está Epicuro, fundador da escola filosófica chamada Jardim. O presente ensaio trata justamente sobre o papel do ensino, da educação, na construção das liberdades individuais à luz dos ensinamentos do “Filósofo do Jardim”, o que é especialmente caro no Brasil atual, onde hordas inconscientizadas clamam pela violação de seus próprios direitos, reclamando a instalação de uma autocracia.
Hodiernamente ficou clara a relação entre Ciência, ou Epistemologias, para usar um termo de Boaventura de Souza Santos (2010), e a educação, mas pouco se diz do contributo da Ciência/Epistemologias para a liberdade. Neste sentido, o sociólogo lusitano questiona o “papel de todo o conhecimento científico acumulado no enriquecimento ou no empobrecimento prático das nossas vidas” (Santos, 2008, p. 18), ao qual o próprio parece responder (Santos, 2010, pp. 45-47) com a conceituação do “pensamento abissal” e do “fascismo social” produzido pelo pensamento abissal. A Ciência, que surge com o propósito de “desencantar o mundo” e libertar as mentes humanas das trevas da ignorância, parece ter contribuído para o reencantamento do mundo; isto ocorre quando supostos cientistas, valendo-se da chancela de verdade que lhes é conferida, resolvem abandonar as próprias verdades científicas, do método científico de experimentação, e passam a, em uma escancarada promiscuidade, relativizar seus próprios métodos em favor da propagação da ignorância.
Toda esta situação é evidenciada no Brasil com a pandemia do “Coronavírus”. Logo no começo da pandemia, médicos diversos sustentaram a utilização de medicamentos para o combate à pandemia, mesmo tendo a ciência de que os medicamento não se prestavam a combater o novo vírus. Estes mesmo médicos, não se comprometiam a assumir a responsabilidade técnica pela falha do medicamento, pois sabiam que ela era provável, talvez muito confiassem no efeito placebo, mas às custas da vida alheia, desde que isto não atingisse a reputação de qualquer médico. É um claro exemplo do “pensamento abissal autofágico”, para inovar um pouco na categorização de Santos (2010); a caracterização da Ciência do Colonizador como selo de validade, em oposição à própria Ciência que não se subordina ao maniqueísmo colonialista. A Ciência serviu ao empobrecimento da vida humana, ao reencantamento do mundo, reforçando o fascismo social que produz mentiras disfarçadas de verdades e exige que a Ciência ateste uma veracidade inatestável.
Surge aí a grande contribuição do Jardim, como metáfora, no sentido de plantar o que se espera colher, e como metonímia, no sentido de revisitar o pensamento de Epicuro. No sentido metafórico está contido o anseio de uma educação que sirva, por mais contraditório que possa parecer o termo, à emancipação do pensamento, o anseio que uma educação que ensine sobre toda a ética da liberdade que a sociedade espera que seja respeitada por cada um dos indivíduos que educa. Já no sentido metonímico, onde se toma a instituição (a parte) inventada por Epicuro pelo todo (o pensamento epicurista), reside a ambição de uma educação libertadora, uma educação que faça as mentes livres de fatalismos e outras variações de autoritarismos que agrilhoam os humanos ao fundo de uma caverna escura chamada ignorância. As duas coisas se confundem como elementos de uma antítese já presente no pensamento abissal colonialista que deverá reconhecer a falibilidade científica como contributo à emancipação humana, no momento em que, ruindo, estiver sendo negado em favor do nascimento de epistemologias plúrimas.
Este é o principal compromisso da Ciência e da Filosofia no mundo atual, conscientizar os educandos de sua liberdade como meio de evitar fanatismos (Freire, 2018, p. 32) autofágicos, como os que puderam ser presenciados durante a pandemia do Coronavírus. Esta conscientização não tem limite etário, pois “ninguém é demasiado jovem ou demasiado velho para alcançar a saúde do espírito” (Epicuro, 2002, p. 21). Este processo deve permitir a cada indivíduo a certeza de que “o futuro não é nem totalmente nosso, nem totalmente não-nosso” (Epicuro, 2002, p. 33), de modo que, cientes das responsabilidades, cada um possa viver prudentemente e honestamente, respeitando seu semelhante na mesma medida em que por este deverá ser respeitado.
Na prudência, portanto, reside a maternidade/paternidade de todos os demais princípios (Epicuro, 2002, p. 45), razão pela qual, educar os indivíduos a partir desta, consiste em plantar a própria liberdade, que aqui pode ser entendida como livre arbítrio ou supremo bem. Então se poderá concluir que abdicar da própria liberdade não é uma opção válida, uma vez que quem o apregoa só o faz enquanto for livre para tal, o que consiste em grande desonestidade. Assim, o Educador, o Cientista, o Filósofo deve ter sua conduta pautada pela prudência, visto que quando ela falta, são os grilhões que sobejam, de modo que, honestamente viver implica em não negar a emergência de novas epistemologias e nem servir ao encantamento e agrilhoamento humanos.
Referências
EPICURO. Carta sobre a felicidade – A Meneceu. São Paulo: Unesp, 2002.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 65a ed. Rio de Janeiro/ São Paulo: Paz e Terra, 2018.
SANTOS, Boaventura de Souza. Um discurso sobre as ciências. 5a ed. São Paulo: Cortez, 2008.
SANTOS, Boaventura de Souza. Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes. In; SANTOS, Boaventura de Souza. Epistemologias do Sul. São Paulo: Cortez, 2010 . pp. 31-83.
Quinze alunos de diferentes cursos do Instituto Federal de Goiás (IFG) – Câmpus Anápolis participaram do 4º Festival Nacional de Cinema Curta Canedo, que foi promovido em Senador Canedo entre os dias 28 e 30 de novembro. Além de participar de oficinas e outras atividades do evento, os estudantes puderam apresentar curtas por eles produzidos dentro do contexto do Projeto Integrador Transdisciplinar desenvolvido no Câmpus pelos seguintes docentes: Eduardo Carli de Moraes (Filosofia), Francine Rebelo (Sociologia) e Jacques Elias (História). Dos 14 curtas-metragens durante a execução deste projeto, sete foram selecionados para o Curta Canedo, sendo que quatro deles foram escolhidos para debates em mostras não competitivas.
O grupo de discentes que esteve em Senador Canedo foi acompanhado pelo professor Eduardo Carli de Moares. “Essa participação contribui muito para que os estudantes se sintam estimulados a exercer suas criatividades no ambiente escolar, percebendo que os recursos tecnológicos que têm disponíveis permitem a expressão artística através do cinema digital de baixo orçamento”, destaca o docente do IFG.
Confira os curtas-metragens do IFG Anápolis selecionados para os debates do Curta Canedo:
1) Ocultadas
Ana Luisa Barbosa Pedro
Emily Karine Da Silva Lemes
Giselle de Fátima dos Santos Gomes
No primeiro semestre de 2019, foi realizado no IFG – Câmpus Anápolis o projeto integrador multidisciplinar, que uniu as áreas de Filosofia, Sociologia e História para um trabalho envolvendo os 3 terceiros anos do ensino médio – técnico integrado, dos cursos de Química, Edificações e Comércio Exterior.
Foram produzidos 14 curtas-metragens pelos estudantes. Alguns destes filmes estão agora publicados na Internet para tornar acessível a um público mais amplo os belos trabalhos produzidos pelos alunos do Instituto. O projeto foi orientado pelos professores: Eduardo Carli de Moraes, Francine Rebelo e Jacques Elias.
Personagem Laura recebendo ajuda da amiga
Assista abaixo o curta-metragem Até Quando?, produzido pelas alunas Marianne Oliveira, Nicolle Faustino, Mariana Rodrigues, Júlia Cecília e Adriana Lemes, do curso de Edificações lll.
Sinopse: O curta retrata a violência presente nas relações afetivas no ano de 1930, fazendo um paralelo com a atualidade, a partir da representação do abuso sofrido por Laura (interpretada por Júlia Cecília), que estava em um relacionamento secreto com Alberto (interpretado por Paulo Anderson).
Duração de 8 minutos e 41 segundos
O vídeo será apresentado e debatido no Festival de Cinema Curta Canedo, a ser realizado entre 28 e 30 de novembro, na cidade de Senador Canedo – GO.
Este site reúne a produção filosófica dos estudantes do ensino médio técnico-integrado do IFG – câmpus Anápolis, dos cursos de Química, Edificações e Comércio Exterior.
O projeto, sob a coordenação do professor Eduardo Carli de Moraes, almeja colaborar com o empoderamento midiático de todos os estudantes envolvidos, tornando-os aptos a manejar as ferramentas de publicação de conteúdos na Internet de modo a compartilhar com a sociedade as reflexões nascidas a partir de nossa convivência. O amor à sabedoria, na era digital, pode e deve ser compartilhado!
Este projeto de comunicação social visa aumentar a visibilidade das ações filosóficas desenvolvidas no IFG com a sociedade mais ampla, tornando acessíveis a todos os internautas as redações multimídias e os curtas-metragens que foram alguns dos frutos de nossos trabalhos na disciplina de Filosofia a partir do ano letivo de 2019.