Por Rafael A. França
Estudante do Curso Técnico Integrado em Comércio Exterior
Instituto Federal de Goiás câmpus Anápolis.

Historicamente erguem-se ideais, em meio à sociedade, cujo objetivo é o silenciar do conhecimento, da crítica e da reflexão. Consequentemente, existem aqueles indivíduos que se subjugam aos perigos deste caminho na qual rejeita a capacidade de pensar. Com base nessa percepção, é de considerável importância compreender os motivos que promovem a ascensão e a fácil aceitação popular dessas ideias de modo a apresentar a filosofia e a reflexão como objetos para autoproteção e emancipação do indivíduo das mais variadas opressões. Isso, pois permitem a conscientização de si, do local que ocupa e do poder revolucionário que possui para a promoção da mudança.
No decorrer da história a hierarquização da sociedade faz-se presente, todavia, essa, não se manteve com a mesma face. Nas primeiras civilizações, por exemplo, os reis e nobres exploravam os menos favorecidos, como os camponeses e escravos. Agora, na atualidade, dá-se com aqueles que possuem maior poder aquisitivo, no patamar de dominância, e os que não têm, como dominada. Nas duas faces apresentadas, vale ressaltar que aqueles que atuam como dominadores guardam para si o conhecimento, pois sabem que se quem está em posição de explorado obter este saber a hierarquia predominante estará ameaçada. Portanto, os que controlam o Estado, a mídia e outros meios influentes não veem a democratização da educação, que oferece crítica e reflexão, como benéfica. Assim, trabalham incessantemente a alienação da população, através de seus mecanismos, fazendo com que os subordinados rejeitem a própria chance de libertação e crescimento. Um exemplo que pode ser observado na charge de Erlich a seguir.

A frase “Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses”, cuja identificação do autor ainda está em questão, fez-se presente desde a Grécia Antiga. Assim, mesmo que configurada a deuses e o universo, vale analisar que se conhecer possui papel importante na proteção de si. Ressalta-se que o autoconhecimento atua conjuntamente com a compreensão do lugar que está. Podendo assim, ambos, fornecerem a insatisfação que colabora para o desejo de mudar e que, consequentemente, tornará possível a visualização do lugar que deseja estar.
Em crítica ao parágrafo anterior e como alerta, a estrutura hierárquica que estabelece dominadores e dominados nem sempre deixa de se perpetuar após o desejo de mudar. Com sensatez, sobre isso, o pensador Paulo Freire afirmou: “quando a educação não é libertadora o sonho do oprimido é ser o opressor”. Ou seja, revela que não basta somente imaginar o lugar que esteja estar, mas cabe a análise, trabalho da educação libertadora, de como querem estar e se irão ou não serem colaboradores para a perpetuação desse sistema.

“O modo mais comum das pessoas rejeitarem seu poder é acreditando que não possuem poder nenhum”, foram as palavras de Alice Walker. Com base nesse relato, compreende-se como o processo de alienação ocorre a ponto de fazer os indivíduos não perceberem o poder que possuem para promoverem e concretizarem a revolução. Assim, submetendo a exploração. Para adição, o pseudônimo George Orwel, antes de escrever o livro “A revolução dos bichos”, observou que se um cavalo, que é maltratado e subjugado por seu proprietário, obtivesse a consciência da força e do poder que tem jamais se submeteria a tais situações.
Com ambas as reflexões, vale concluir que tomar consciência de si, de onde está e da capacidade que se tem é extremamente importante para proteger-se do sistema vigente e, não apenas isso, mas, também, para suscitar a mudança. Esses, proporcionados pela filosofia e a reflexão que são pontos preponderantes do princípio de educação como meio de libertação.
