Cyberpunk 2077 é um jogo com uma história de ação e aventura de mundo aberto ambientada em Night City, uma megalópole obcecada por poder, glamour e biomodificações. Você joga como V, um mercenário fora da lei atrás de um implante único que carrega a chave da imortalidade. Você pode personalizar aparatos cibernéticos, conjunto de habilidades e estilo de jogo do personagem e explorar uma vasta cidade onde as decisões tomadas definem a história e o mundo ao seu redor.
CD Projekt RED
Cyberpunk 2077 é um jogo lançado em 10 de dezembro de 2020, nele possui muitas críticas políticas e sociais que podem vir a ser pertinentes em nossa sociedade: como nosso dados são tratados pelas corporações, o estado não possui poder diante as grandes corporações e a falta de segurança, direitos e oportunidades aos pobres.

Ao adentrarmos em Cyberpunk 2077 temos que escolher entre três vertentes para o seu personagem: Marginal(um fora da lei da periferia da cidade), Nômade(que suas origens seriam voltadas mais do interior, afastado da cidade grande) e Corporativo(que estaria trabalhando dentro de uma grande corporação). Cada uma delas atribui um passado diferente ao seu personagem e vai influenciar durante toda a história de sua jogatina em suas escolhas e opções. E aqui já vemos uma crítica, pois se escolhe o caminho marginal já é apresentado ao jogador logo de cara uma vida mais sofrida, um ambiente sujo e abandonado no qual há pessoas pedindo esmola(imagem abaixo) e o personagem tendo que aceitar trabalhos fora da lei para conseguir dinheiro e mudar de vida.

Homem pedindo esmola por não ter condições
A manipulação de dados
Nos é apresentado em Cyberpunk 2077 um mundo altamente tecnológico em todos os sentidos desde à cidade com construções gigantescas, drones, carros voadores, muitas luzes e pouca vegetação; assim como as pessoas também possuem várias modificações em seus corpos, como: partes do corpo mecânicos, olhos biônicos, órgãos sintéticos, processadores conectados ao cérebro e etc, ou seja, a ideia de Transumanismo é presente nessa sociedade.
O que é Transumanismo: é um movimento filosófico intelectual que visa transformar a condição humana com o uso de tecnologias alcançando as máximas potencialidades em termos de evolução humana, deixando em segundo plano a evolução biológica, alcançando o patamar de pós-humano. Ou seja impelindo assim a erradicação do sofrimento causado por doenças e obtenção da imunidade aos efeitos do tempo (como envelhecimento e a morte) e a capacidade de se transformar em diferentes seres com habilidades altamente expandidas a partir da condição natural.

Exemplo de transumanismo.
Essas modificações no corpo e toda tecnologia presente na obra me fez pensar enquanto jogava: “quem fabrica todos essas modificações?”; e não muito tarde descobrimos que a maior produtora e financiadora destes produtos é a organização bilionária que governa a cidade. Isso nos faz crer que ela utilizou destes produtos conectados intrinsecamente a cada pessoa para poder vigiar, manipular e vender os dados de cada um para aumentar seu dinheiro e influência.
E esta é uma outra críticas apresentada, pois não é muito diferente na nossa realidade, a todo momento as grandes corporações como a Meta, Apple, Amazon, Google e Microsoft nos vigiam na internet, smartphone, nos computadores, TVs smarts e até geladeiras. Elas fazem isso para conseguir nossos dados, que são muito importantes, e utilizarem como querem para aumentar seus lucros e satisfazerem seus interesses.

Um dos maiores exemplos que aconteceu nos últimos anos sobre vazamento de dados tenha sido da Meta (antiga Facebook). Em 2018, um desses vazamentos atingiu 30 milhões de usuários, enquanto um do início de 2019 fez com que dados de 419 milhões de pessoas fossem expostos. O de 2018 esteve diretamente ligado ao escândalo do uso de dados indevidos da Cambridge Analytica para fazer propaganda política nas campanhas do então candidato à presidência dos EUA, Donald Trump, e pelo Brexit. O escândalo fez o Facebook perder US$ 35 bilhões em valor de mercado na bolsa em um dia.
Isso nos mostra o quão nossos dados são importantes e eles podem, como conseguiram, mudar uma eleição através deles. Também nota-se que os dados não estão protegidos da maneira correta e estamos a mercê das grandes corporações e elas controlam o mundo que vivemos.
O “Estado” é a corporação

Ao desenrolar da história é mostrado que existe uma Gigante corporação que controla a cidade de Night City, o nome da corporação é Arasaka. Esta big tech possuir mais poder que o próprio estado na região, prova disso é como a sociedade local quase nunca fala sobre o prefeito e os orgãos estatais e apenas citam a Arasaka para reclamar ou elogiar a cidade pois foi ela quem a moldou daquela maneira. Este fato revela algo do mundo contemporâneo que está acontecendo, as grandes empresas estão cada vez mais governando os países e ficando acima do estado.

É alertado esse problema no Artigo escrito por Michael Kwet-A ameaça nada sutil do Colonialismo Digital. Michael nos revela dados, fatos e opiniões muito relevantes sobre o tema.
É importante ressaltar que essa dominação não é de forma democrática, simplesmente as empresas do Vale do Silício com seu viés politico liberal estão adentrando os países, principalmente os emergente e subdesenvolvidos, e de forma sutil assumindo o controle das nações e quando os países percebem já é tarde. Por exemplo, nas décadas de 1970 e 80, o Congresso dos Estados Unidos começou a fortalecer os direitos autorais de software. Houve uma contra-tendência a isso na forma de licenças de “Software Livre e de Código Aberto” (FOSS, na sigla em inglês), que concediam aos usuários o direito de usar, estudar, modificar e compartilhar software. Isso trouxe benefícios claros para os países do Sul Global, pois criou um “espaço digital comum”, livre de controle corporativo e da busca por lucros. No entanto, à medida que o movimento do Software Livre se espalhava para o Sul, foi provocando uma reação corporativa. A Microsoft humilhou o Peru quando seu governo tentou abandonar o software. Também tentou impedir que governos africanos usassem o sistema operacional GNU/Linux FOSS em ministérios e escolas do governo.
Para combater esse avanço e monopólio das Big Techs na Europa foram instauradas novas regras para regulamentar essas empresas visando maior concorrência, menos monopólio e mostrar que eles não tem mais poder que os países da região.
Conclusão
A era do mundo conectado requer muita atenção e cuidado, pensamos que temos privacidade, mas não possuímos, sempre estamos sendo vigiados pelas Bigh Techs e nossos dados sendo usados cada dia mais para aumentar sua riqueza. Assim como deve-se alertar quanto a dominação e pode das grandes empresas, elas querem governar tudo sem nenhuma democracia e instaurar seus governos que só olham para o dinheiro e economia, enquanto isso vão deixar pessoas com fome, sem casa, sem saneamento básico… enfim sem as mínimas condições de segurança e de vida.
Obrigado por ler!
Autor: Eduardo Henrique